terça-feira, 27 de setembro de 2011

O teatro negro no Brasil

Grupo Nós do Morro

       O Brasil é um país muito preconceituoso, em todos os sentidos, mesmo que seja velado ainda é gritante a forma como a minoria é tratada.
    O negro ainda é tratado de forma diferenciada na sociedade. No teatro não é diferente, é raríssimo vermos um negro com grande destaque e visibilidade nos espetáculos ou em grupos teatrais. Na televisão mesmo são poucos os negros que se destacam e mesmo assim são sempre os mesmos atores que ganham visibilidade, como se estivesses apenas esses atores negros no Brasil. É engraçado e triste, mas só quando uma novela de época é produzida que os atores negros são lembrados e vão ter presença, porém no papel de escravos.
Voltando ao teatro, que é o foco desse trabalho, são poucos os projetos de teatro que são pensados, elaborados e executados na periferia, onde se encontra a grande parte dos negros.
O grupo “Nós do morro” é um grande exemplo de projeto voltado à negritude, logicamente que o enfoque é os moradores do morro do Vidigal, mas esses a maioria são negros. O grupo é coordenado pelo ator, diretor e produtor Guti Fraga que desde 1986 desenvolve esse projeto na periferia do Rio de Janeiro, o intuito desde seu início foi de levar a arte para todos aqueles que não têm acesso e dissemina- la para todos os lugares, quebrando qualquer paradigma e preconceitos existentes pré estabelecido.
No grupo os negros têm vez e voz, e graças a essa livre expressão, os atores negros estão abrindo portas para toda uma classe e hoje podemos ver vários do grupo no cinema e em novelas da Rede Globo e Rede Record, um grande avanço, visto que em algum tempo atrás os negros nem faziam teatro, ou seja, os atores negros não tinham espaço, os atores brancos “interpretavam” os negros.
O “Nós do morro” está proporcionando além de cultura e arte aos moradores do Vidigal a chance e a oportunidade de eles se verem na televisão e no cinema, e quebrando qualquer barreira e preconceito que, infelizmente, ainda existe em nossa sociedade hipócrita.
Os negros, quanto os brancos, não têm nenhuma diferença, apenas na cor, não consigo entender por que ainda exista, em pleno século XXI, tanto preconceito racial, com essa evolução nos meios de comunicação, isso é um retrocesso.
Maicon Barbosa

sábado, 17 de setembro de 2011

OFICINA TEATRANDO NO PIBID




A Oficina terá início dia 1/10/2011 tendo como local a AABB que fica situado na rua Alberto Rosa, 580.
O Teatrando está na sua III edição e o público alvo são todas os acadêmicos/as das licenciaturas, pibidianos/as da UFPel e interessados/as em geral.
O projeto é oferecido no âmbito do PIBID/UFPel, justifica-se em um fazer teatral destinado às diferentes áreas do conhecimento e sujeitos-docentes envolvidos no projeto,com o intuito de propiciar aos participantes uma vivência da linguagem teatral.
São abordados jogos, improvisações e exercícios de corpo voz , onde os participantes, professores e futuros professores, ampliarão seus conhecimentos sobre as potencialidades de seus corpos e vozes, sendo estas suas principais ferramentas de trabalho. A imaginação, a criatividade , o trabalho em grupo, a disponibilidade , a expressão oral e corporal, a concentração, a relação com o outro e consigo mesmo, entre outros tantos elementos envolvidos no trabalho com teatro, também serão desenvolvidos nos encontros.
Mais informações no cartaz.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

POLIFÔNICO NUMERO UM



Sábado dia 03 de setembro de 2011, fui assistir ao espetáculo “Polifônico numero um” que é uma conclusão de trabalho da disciplina de Montagem Teatral I e II, coordenado pelo professor Adriano Moraes.
“Polifônico” é o espetáculo-cerimônia de formatura da primeira turma do curso de Teatro da Universidade Federal de Pelotas.
O espaço escolhido para a apresentação do espetáculo foi um das salas do curso de teatro, mais precisamente o tablado. A montagem teatral ocupou todo o espaço do tablado e fez o público sair da sua “zona de conforto” e ir acompanhando cena a cena o desenrolar dos acontecimentos.
Tudo começa quando o mestre de cerimônias, o conhecido diretor de teatro de Pelotas Flávio Dornelles, anuncia e chama o público para a abertura do cerimonial. Ele fala do passado e futuro do teatro pelotense e a chegada do curso de teatro na cidade.
Em seguida “entram em cena” os atores – alunos Ana Alice Muller e Célio Soares “encarnando” respectivamente, Jocasta e Édipo, uma das tragédias gregas de Sófocles, e sobre a mesa está Inácio Schardosim nu, pronto para ser “devorado” no banquete servido pelos gregros.
A cena é interrompida pelos artistas de rua, e também alunos do curso de teatro, Vanessa Martins e Neusa Kuhn, que brincavam com o público presente e descontraíram o ambiente que se encontrava “pesado” em função da tragédia grega. Figurinos bem divertidos, remetendo aos bufões da comedia dell’ arte da época que o teatro era feito em cima de carroças. Os artistas de rua depois de interromper a cena vão embora e o público é deslocado novamente para outro ambiente da sala. Olhos atentos e curiosos, um ator nu dentro de um cubo falando sobre os mandamentos do teatro, Maurício Rodrigues, totalmente despido de pudores e entregue a cena, confiante, sem se importar com a platéia que está ao seu redor com olhares de pré- conceito, não sabendo e não entendendo o que aquele corpo nu representa.
Em seguida inicia outra cena com a atriz Lucia Berndt, conversando com o público e se apresentando a eles, o texto mais sincero e verdadeiro da peça, pois a atriz fala de sua vida e o começo se sua carreira artística como clow, encerra sua performance se comparando a uma outra artista, que só fica claro quando ela termina a sua maquiagem e vira-se para a platéia, até então ela encontra-se de costas terminando a sua make, agora ela é Frida Clow e não Lúcia.
Depois da linda cena da atriz, começa uma gritaria e um trabalho de corpo que beira a exaustão, agora o foco é a o aluno convidado do núcleo, Elias Pintanel, mostrar o que aprendeu sobre o estudo do encenador Grotowski e causar espanto e medo, algumas vezes foi essa a reação do público presente, que não entendia o propósito de toda aquela encenação, confesso que eu também não entendi.
Joice Lima aparece como Lady Macbeth, à famosa rainha louca que é  atormentada pelos crimes que ela e seu marido cometeram, a atriz consegue convencer em uma interpretação incrível e verdadeira, sem nenhum vício de amadorismo, um olhar marcante e presente, lava suas mãos constantemente para apagar o sangue que foi derramado em honra a seu marido.
Novamente o público é deslocado, agora é Valéria Fabres que surge, ela se encontra sentada, num ambiente que representa um barzinho, começa a contar para as pessoas presentes um pouco de sua vida íntima, é o momento de descontração do espetáculo, onde ela ensina que é “possível sentir prazer anal”.
O encerramento é feito por Inácio Shardosim, que representa o espectador, numa atuação não muito convincente, talvez por deixar transparecer que está apenas seguindo o ritual de apresentação e não está envolvido como deveria com o processo, pois estar “dentro” da cena faz parte do processo.
Todos os alunos- atores e a parte técnica se voltam para o tablado para receber os aplausos do público que se encontra feliz com a proposta do professor e orientador da disciplina de montagem, Adriano Moraes, de se criar um espetáculo pra fechar o primeiro ciclo do curso com o qual se discuta o teatro e a falta de opções na cidade.
Concluo afirmando que foi muito prazeroso assistir o trabalho de montagem dos colegas e ver que o teatro só tem a crescer na cidade com esse curso que a UFPel proporciona para todos nós artistas - docentes.
Maicon Barbosa

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Poster do Projeto Quilombo das Artes


Crítica a peça “A viagem de um barquinho”



A peça infantil “A viagem de um barquinho”, de Sylvia Orthof, apresentada no auditório do Colégio Pelotense no dia 05/04/2011, pelo grupo teatral de Passo Fundo Timbre de Galo deixou muito a desejar, principalmente para a sua platéia que me parecia não prestar muita atenção na história contada pela trupe.
Como era um espetáculo infantil os atores poderiam ter interagido mais com as crianças que os assistiam, colocando-os dentro da história e fazendo com que se interessassem mais pela obra. Penso que faltou direção, tanto no que tange a atuação de atores quanto à estrutura da encenação.
Em primeiro lugar achei desnecessário transpor a peça para o universo gaúcho, personagens e trilha sonora carregados de bairrismos.
Os atores não convenciam nos seus respectivos personagens, exceto a atriz que fez a lavadeira, que atuou brilhantemente e deu uma vivacidade ao espetáculo. Mesmo assim achei equivocada a escolha do diretor pela atriz negra para fazer a personagem da lavadeira, pois fazendo isso ele está automaticamente acentuando o preconceito em relação ao negro por ser sempre o desfavorecido, ainda mais em se tratando de uma peça infantil onde o público são as crianças e estas estão construindo os seus valores.
Excessos de adereços desnecessários também contribuíram para “sujar” as cenas, como por exemplo, a cuia na mão do personagem sol, que não foi usada para nada, o carrinho da lavadeira cheio de adereços que não foram utilizados e alguns instrumentos que não foram tocados em cena pelos atores e estavam presentes.
O lado interessante do espetáculo ficou a cargo da trilha sonora tocada ao vivo pelos atores, que se revezavam a todo instante, é sempre vivaz a um espetáculo ver atores cantando , dançando e atuando, deixando - o mais rico. A troca muito rápida do figurino dos atores, o rio representado por um pano azul e o personagem sonho que conseguiu prender a atenção da platéia e levá-los novamente para dentro da história também foram alguns dos fatores que contribuíram para o lado positivo da encenação.
Em suma foi um espetáculo decepcionante, pois para um grupo de teatro com quase dez anos de estrada poderiam ter feito algo bem melhor. Penso que o grupo montou esse texto de Silvia Orthof com o único intuito de ser uma obra vendável, pois peças infantis são sempre fáceis de serem comercializadas, já tem um público cativo. Infelizmente a arte fica em segundo plano quando o foco principal é o comércio e não a obra em si.
Maicon Barbosa