quinta-feira, 8 de setembro de 2011

POLIFÔNICO NUMERO UM



Sábado dia 03 de setembro de 2011, fui assistir ao espetáculo “Polifônico numero um” que é uma conclusão de trabalho da disciplina de Montagem Teatral I e II, coordenado pelo professor Adriano Moraes.
“Polifônico” é o espetáculo-cerimônia de formatura da primeira turma do curso de Teatro da Universidade Federal de Pelotas.
O espaço escolhido para a apresentação do espetáculo foi um das salas do curso de teatro, mais precisamente o tablado. A montagem teatral ocupou todo o espaço do tablado e fez o público sair da sua “zona de conforto” e ir acompanhando cena a cena o desenrolar dos acontecimentos.
Tudo começa quando o mestre de cerimônias, o conhecido diretor de teatro de Pelotas Flávio Dornelles, anuncia e chama o público para a abertura do cerimonial. Ele fala do passado e futuro do teatro pelotense e a chegada do curso de teatro na cidade.
Em seguida “entram em cena” os atores – alunos Ana Alice Muller e Célio Soares “encarnando” respectivamente, Jocasta e Édipo, uma das tragédias gregas de Sófocles, e sobre a mesa está Inácio Schardosim nu, pronto para ser “devorado” no banquete servido pelos gregros.
A cena é interrompida pelos artistas de rua, e também alunos do curso de teatro, Vanessa Martins e Neusa Kuhn, que brincavam com o público presente e descontraíram o ambiente que se encontrava “pesado” em função da tragédia grega. Figurinos bem divertidos, remetendo aos bufões da comedia dell’ arte da época que o teatro era feito em cima de carroças. Os artistas de rua depois de interromper a cena vão embora e o público é deslocado novamente para outro ambiente da sala. Olhos atentos e curiosos, um ator nu dentro de um cubo falando sobre os mandamentos do teatro, Maurício Rodrigues, totalmente despido de pudores e entregue a cena, confiante, sem se importar com a platéia que está ao seu redor com olhares de pré- conceito, não sabendo e não entendendo o que aquele corpo nu representa.
Em seguida inicia outra cena com a atriz Lucia Berndt, conversando com o público e se apresentando a eles, o texto mais sincero e verdadeiro da peça, pois a atriz fala de sua vida e o começo se sua carreira artística como clow, encerra sua performance se comparando a uma outra artista, que só fica claro quando ela termina a sua maquiagem e vira-se para a platéia, até então ela encontra-se de costas terminando a sua make, agora ela é Frida Clow e não Lúcia.
Depois da linda cena da atriz, começa uma gritaria e um trabalho de corpo que beira a exaustão, agora o foco é a o aluno convidado do núcleo, Elias Pintanel, mostrar o que aprendeu sobre o estudo do encenador Grotowski e causar espanto e medo, algumas vezes foi essa a reação do público presente, que não entendia o propósito de toda aquela encenação, confesso que eu também não entendi.
Joice Lima aparece como Lady Macbeth, à famosa rainha louca que é  atormentada pelos crimes que ela e seu marido cometeram, a atriz consegue convencer em uma interpretação incrível e verdadeira, sem nenhum vício de amadorismo, um olhar marcante e presente, lava suas mãos constantemente para apagar o sangue que foi derramado em honra a seu marido.
Novamente o público é deslocado, agora é Valéria Fabres que surge, ela se encontra sentada, num ambiente que representa um barzinho, começa a contar para as pessoas presentes um pouco de sua vida íntima, é o momento de descontração do espetáculo, onde ela ensina que é “possível sentir prazer anal”.
O encerramento é feito por Inácio Shardosim, que representa o espectador, numa atuação não muito convincente, talvez por deixar transparecer que está apenas seguindo o ritual de apresentação e não está envolvido como deveria com o processo, pois estar “dentro” da cena faz parte do processo.
Todos os alunos- atores e a parte técnica se voltam para o tablado para receber os aplausos do público que se encontra feliz com a proposta do professor e orientador da disciplina de montagem, Adriano Moraes, de se criar um espetáculo pra fechar o primeiro ciclo do curso com o qual se discuta o teatro e a falta de opções na cidade.
Concluo afirmando que foi muito prazeroso assistir o trabalho de montagem dos colegas e ver que o teatro só tem a crescer na cidade com esse curso que a UFPel proporciona para todos nós artistas - docentes.
Maicon Barbosa

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