sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Crítica a peça “A viagem de um barquinho”



A peça infantil “A viagem de um barquinho”, de Sylvia Orthof, apresentada no auditório do Colégio Pelotense no dia 05/04/2011, pelo grupo teatral de Passo Fundo Timbre de Galo deixou muito a desejar, principalmente para a sua platéia que me parecia não prestar muita atenção na história contada pela trupe.
Como era um espetáculo infantil os atores poderiam ter interagido mais com as crianças que os assistiam, colocando-os dentro da história e fazendo com que se interessassem mais pela obra. Penso que faltou direção, tanto no que tange a atuação de atores quanto à estrutura da encenação.
Em primeiro lugar achei desnecessário transpor a peça para o universo gaúcho, personagens e trilha sonora carregados de bairrismos.
Os atores não convenciam nos seus respectivos personagens, exceto a atriz que fez a lavadeira, que atuou brilhantemente e deu uma vivacidade ao espetáculo. Mesmo assim achei equivocada a escolha do diretor pela atriz negra para fazer a personagem da lavadeira, pois fazendo isso ele está automaticamente acentuando o preconceito em relação ao negro por ser sempre o desfavorecido, ainda mais em se tratando de uma peça infantil onde o público são as crianças e estas estão construindo os seus valores.
Excessos de adereços desnecessários também contribuíram para “sujar” as cenas, como por exemplo, a cuia na mão do personagem sol, que não foi usada para nada, o carrinho da lavadeira cheio de adereços que não foram utilizados e alguns instrumentos que não foram tocados em cena pelos atores e estavam presentes.
O lado interessante do espetáculo ficou a cargo da trilha sonora tocada ao vivo pelos atores, que se revezavam a todo instante, é sempre vivaz a um espetáculo ver atores cantando , dançando e atuando, deixando - o mais rico. A troca muito rápida do figurino dos atores, o rio representado por um pano azul e o personagem sonho que conseguiu prender a atenção da platéia e levá-los novamente para dentro da história também foram alguns dos fatores que contribuíram para o lado positivo da encenação.
Em suma foi um espetáculo decepcionante, pois para um grupo de teatro com quase dez anos de estrada poderiam ter feito algo bem melhor. Penso que o grupo montou esse texto de Silvia Orthof com o único intuito de ser uma obra vendável, pois peças infantis são sempre fáceis de serem comercializadas, já tem um público cativo. Infelizmente a arte fica em segundo plano quando o foco principal é o comércio e não a obra em si.
Maicon Barbosa

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