terça-feira, 16 de agosto de 2011

Estudo de caso de Teatro Comunitário - Comunidade de Interesse e por Comunidade

GRUPO METAMORFOSE DA ESCOLA GETÚLIO VARGAS

               O Teatro comunitário e suas implicações educacionais na formação do indivíduo. Começamos traçando o nosso roteiro na cidade de Pelotas, pelo bairro Getúlio Vargas, mais precisamente com o foco na Escola Municipal de Ensino Fundamental do Núcleo Habitacional Getúlio Vargas. Que está localizado no Bairro Getúlio Vargas, na cidade de Pelotas – RS. Bairro que existe aproximadamente a uns vinte e cinco anos. Na busca de instrumentos metodológicos que pudessem guiar nossas pesquisas de Teatro para o desenvolvimento de comunidades, fizemos visitas à Escola, onde entrevistamos o Grupo de Teatro Metamorfose, que já existe desde 2009, sob a direção da professora Mônica Elizabeth Alonso Pereira Valerão que é formada em Artes e História pela Universidade Federal de Pelotas. A possibilidade de se montar um grupo de teatro Escola, partiu do interesse da própria professora, uma vez que a mesma já havia desenvolvido trabalhos artísticos, e foi uma maneira de se trabalhar com os alunos utilizando-se de um método mais descontraído e menos tradicional. O Bairro Getúlio Vargas é formado por uma “Comunidade de interesse”, como a frase sugere, é formada por uma rede de associação que são predominantemente caracterizadas por seu comportamento em relação a um interesse comum, a carência em todos os sentidos. Uma vez que esta Comunidade não está delimitada por uma área geográfica particular. (Quer dizer também que Comunidade de interesse tende a ser explicitas ideologicamente, de forma a que mesmo se seus membros venham de áreas geográficas diferentes, eles podem de maneira relativamente fácil reconhecer sua identidade comum Kershaw: 1992,31).
            Segundo (Van Erveu: 2001,2). Os diferentes estilos do teatro na comunidade se unem por “sua ênfase em histórias pessoais e locais (em vez de peças prontas) que são trabalhos inicialmente através de improvisações e ganham forma teatral coletivamente”. Seus materiais e formas sempre emergem diretamente (se não exclusivamente) da comunidade, cujos interesses se tenta expressar. No percurso desse trabalho pela prática do Teatro na Comunidade, identificamos especialmente dentre os três modelos que se diferenciam em função dos objetivos e métodos serem decididos ou não pelas pessoas que participam dos projetos teatrais, o Teatro por Comunidade que trabalha a inclusão da própria comunidade. Este percurso não é único, ele representa um olhar sobre as práticas que podem contribuir como um referencial para análise das práticas Teatrais na Comunidade. Tendo influencialmente as idéias de Augusto Boal, inclui as pessoas da comunidade no processo de criação teatral. Em vez de fazer peças dizendo o que os outros devem fazer, passou-se a perguntar ao povo, ou seja: aos alunos (escola), o conteúdo do teatro os meios de produção e criação de esquetes para que juntos possam decidir o que vão trabalhar.
            Essa evolução proposta por Boal influenciou muitos trabalhos de teatro e comunidade no mundo todo. Ganhou forma um novo Teatro na Comunidade cuja função seria de fortalecer a comunidade. O Teatro passou a ser a arena privilegiada para refletir sobre questões de identidade de comunidades específicas, contribuindo para o aprofundamento das relações entre os diferentes segmentos da comunidade que podem, através da improvisação, do jogo teatral, explicitar suas semelhanças e diferenças. O teatro seria, neste sentido, o porta-voz de assuntos locais, o que poderia contribuir para expressão de vozes silenciosa ou silenciadas da própria comunidade. O grupo Metamorfose faz seus ensaios na sexta-feira da 14hs às 17hs, na própria Escola, compreendendo um total de 13 (treze), crianças que variam de 10 a 13 anos. A relação é de harmonia e respeito uns para com outros. Isso é um dos fatos que mais nos chamou a atenção na entrevista. Apesar de serem crianças desprovidas de uma condição de vida desfavorecida, são todos extremamente educados e carinhosos. O grupo trabalha expressão vocal, improvisação, leituras e juntos pesquisas de texto para a montagem das peças e esquetes. Esteticamente, podemos observar que é uma forma de fazer teatral, ainda inspirada no tradicional. Geralmente as obras escolhidas sempre trás um fundo moral, como no momento agora, estão trabalhando com o tema do Natal, e foi montada a esquete, O Tribunal do Natal, aonde se trabalha os valores e as questões sociais do que realmente significa o Natal. Uma mensagem que é transmitida a comunidade sobre o consumismo exacerbado que envolve o Natal. Percebemos que o grupo tem uma dificuldade em trabalhar a expressão corporal.  O grupo já se apresentou em vários espaços fora da Escola. Quanto à relação de atores e espectadores, é uma relação de cumplicidade, de parceria, uma vez que a comunidade também tem sua participação efetiva na construção de conhecimento.
Maicon Barbosa
  

Nenhum comentário:

Postar um comentário