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"Quartet" montagem dirigida por Bob Wilson |
Partindo desse pensamento, falar de beleza no teatro é complicado, pois sabemos que existe muitas formas do fazer teatral, e que desde os primórdios na Grécia antiga com os rituais dionisíacos até o presente momento com a contemporaneidade, o teatro foi transformando- se e vários autores, encenadores, pedadogos, contribuíram para essa renovação. E cada um teve sua importância dentro do contexto histórico do teatro.
Mas pensando especificamente sobre o belo, Platão fala que “O belo é o bem, a verdade, a perfeição; existe em si mesma, apartada do mundo sensível, residindo, portanto, no mundo das idéias. A idéia suprema da beleza pode determinar o que seja mais ou menos belo”, e também afirma que “...o homem tem uma atuação passiva no que concerne ao conceito de belo: não está sob sua responsabilidade o julgamento do que é ou não é belo”.
Por esses fatores, acho difícil afirmar que o belo seja realmente importante para o teatro, beleza é um estado da alma. O que é belo para um não o é para outro, não é um certo atributo objetivo que determinamos objetos detêm e outro não.
O teatro é muito abrangente, existem aqueles encenadores que preocuparam – se apenas com o trabalho do ator, como Stanislavski, Grotovski e Meyorhold, Grotovski mesmo com o seu “teatro pobre” dizia que se podia fazer teatro apenas com um ator e espectador, e outros com a espetacularidade, tais como os musicais da Broadway e o Teatro de Revista, que teve grande importância para o teatro brasileiro no século XX.
E então pergunto quais das duas formas de teatro tem mais importância? Quais desses autores tiveram mais relevância para o teatro? Quais dos dois tipos de teatro possuem mais beleza?
É difícil responder, o teatro, e também o artista, não pode ter um pensamento fechado, a diversidade existe para ser respeitada.
Penso que cada profissional da área deve escolher com que tipo de teatro gostaria de trabalhar e respeitar as outras opções.
Já que estética é a “ciência” da beleza, gostaria de tentar buscar respostas dentro dessa disciplina para com as perguntas acima, ou não, a pergunta de abertura do trabalho não será respondida nesse momento, pois como é uma pergunta muito complexa, penso que ainda não possuo argumentos relevantes para tal resposta, pode ser que a experiência me de subsídios para que eu construa uma resposta convincente e adequada para tal questionamento.
Também pode ser que eu não consiga responder, pois às vezes nem com a experiência adquirida conseguimos encontrar respostas para as nossas inquietações.
Concluo o meu trabalho trazendo uma fala do filósofo alemão Georg Wilhelm Friedrich Hegel, que reforça o meu pensamento no que tange a questão do belo e a dificuldade de afirmar que o belo é importante para o teatro... “a dificuldade de se estudar a Estética é o fato de seu objeto – o belo – ser de ordem espiritual (Hegel, 1988:4), pois o belo não é um objeto de existência material, mas de existência subjetiva, inerente à atividade espiritual de cada indivíduo. Contudo, esse fato não chega a ser comprometedor para a compreensão do fenômeno estético, porque o "verdadeiro conteúdo do belo não é senão o espírito" (1988:73) ”.
A obra de arte não possui nenhuma utilidade a não ser aquela para a qual é construída: proporcionar a experiência estética.
Maicon Barbosa
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